Os poucos horários entre Bragança e as aldeias, bem como entre a capital de distrito e os restantes concelhos, provocam algum desagrado.
Neste momento, o distrito de Bragança é o único do país onde o comboio não apita em absolutamente lado nenhum. E, apesar de agora estar em cima da mesa uma ligação ferroviária Porto-Bragança, passando por Vila Real, que ligará a região também a Espanha, muito vai tardar até voltarmos a ver o comboio aqui passar já que o Plano Ferroviário Nacional é para concretizar até 2050. Segundo se esclareceu na apresentação desta intenção, a viagem Bragança Porto deve demorar menos de duas horas. Mas vai demorar, no limite, 28 anos até que se concretize.
O Serviço de Transportes Urbanos de Bragança (STUB) nasceu em 1985 com quatro autocarros e outros tantos percursos. Volvidos 25 anos da criação do STUB, em 2010, contavam- -se já quatro linhas urbanas e 12 rurais. Agora, em 2022, há menos uma linha urbana, segundo o mapa deste transporte público, disponibilizado no site da Câmara Municipal de Bragança, mas há mais duas linhas de transporte de pessoas para as aldeias do concelho. Em termos de linhas, o serviço cresceu e serve o concelho todo, bem como a cidade.
A informação que está no site da câmara está bastante confusa. Há um mapa disponibilizado na internet, mas acho que é complicado de entender”, esclareceu a nova utilizadora de uma das linhas urbanas do STUB.
Em 2020 a Rodonorte e a Rede Expressos estabeleceram uma parceria, no que toca ao transporte de passageiros e mercadorias e ao que parece, em novembro, voltaram assinar um protocolo para melhorar os serviços e alargar horários. Contactado o responsável a Rodonorte, até agora não prestou qualquer esclarecimento sobre esta nova parceria. Para quem quiser fazer viagens de Bragança a Lisboa ou até ao Porto a oferta é vasta. O horário e o bilhete são facultados no site da Rede Expressos, mas o transporte é feito pela Rodonorte. Através destas empresas é possível viajar até Lisboa e Porto e voltar no mesmo dia, mas o custo da viagem é superior ao da Flixbus, outra oferta de transporte, que vamos dar a conhecer ao longo desta reportagem. No entanto, no caso desta empresa, a oferta de horários é bem mais reduzida. Quer isto dizer que ter uma oferta mais alargada pesa mais na carteira. Além das viagens entre o Norte e Centro do país, a Rodonorte é responsável ainda pela ligação entre os vários concelhos do distrito, nomeadamente à capital de distrito, Bragança. Ao que conseguimos apurar, só em Carrazeda de Ansiães é que não há oferta de transporte até Bragança e vice-versa. Miranda do Douro e Vinhais têm até oferta de dois horários de ida e volta, um de manhã e outro à tarde. Mas no caso de Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro, as pessoas são obrigadas a vir para a capital de distrito por volta das sete da manhã e só têm alternativa para regressar às 15h30. Sabe-se ainda que há uma carreira especifica que faz a ligação Mirandela-Bragança e vice-versa e que é “muito utilizada” por trabalhadores, visto que chega à capital de distrito às 8h30 e sai às 17h45. Estas ligações são usadas maioritariamente por estudantes que vêm para Bragança diariamente completar o ensino obrigatório. É também usado por pessoas mais idosas.
A Flixbus inaugurou, em abril deste ano, o primeiro autocarro expresso 100% eléctrico em Portugal. A viagem deste primeiro veículo aconteceu entre Bragança e o Porto. A empresa integra Bragança já desde 2017, quando abriu a rede internacional. Depois, em 2020, começou a fazer a ligação entre Bragança e algumas outras cidades. Veio para ficar e impôs alguma concorrência. Com a Flixbus abriu-se um outro mundo de horários e de preços. Segundo contou o team leader de Portugal da empresa, Tiago Cavaco Alves, neste momento, a Flixbus oferece quatro viagens diárias ao Porto, tanto para a cidade como para o aeroporto. Os autocarros que ligam Bragança à cidade Invicta também passam por pontos como Vila Real e Amarante. “Nesta quadra de Natal, dada a adesão, estamos a pensar aumentar o número de viagens para estes destinos, passando elas a ser cinco por dia”, esclareceu o team leader português. A Flixbus oferece outras duas viagens, também elas diárias, para Lisboa, com paragem em Coimbra e em Viseu. Questionado sobre se é suficiente a frequência com que as viagens acontecem, seja para que ponto for, sendo que Bragança acolhe diversos alunos que frequentam o politécnico, a maioria originários de outras cidades do Norte de Portugal, Tiago Cavaco Alves, que disse que sim, que o são. Mas esclareceu que a empresa quer “crescer” de forma “sustentável”. Admitindo que os estudantes “são um dos públicos que mais prefere a Flixbus”, pelos “preços atrativos”, pela “comodidade” ao nível da reserva, já que “é tudo muito digital”, pela “qualidade dos autocarros” e pela “preocupação ambiental” que a empresa diz ter com a frota, Tiago Cavaco Alves referiu ainda que o crescimento também se justifica com os “resultados bons” que aqui se têm tido, sendo que a linha não tem sequer um ano. “Os passageiros, tanto os que saem de Bragança para outras cidades como os que vão de outras cidades para Bragança parecem estar contentes”, esclareceu o team leader da Flixbus, que disse ainda que o que se está agora a tentar compreender o que está em “falta”, sendo que “cinco horários já é uma base boa para as principais cidades”. “Estamos a tentar perceber que cidades e ligações devíamos integrar na rede”, afirmou. Segundo conseguimos apurar, junto de uma funcionária da estação rodoviária de Bragança, “há muita gente a aderir à Flixbus por causa dos preços baixos mas, muitas vezes, não tendo o número suficiente de passageiros, a empresa cancela as viagens e avisa os utilizadores por mensagem”. Esclareceu ainda que a empresa para a qual trabalha só vende viagens internacionais, através da Flixbus, mas mesmo assim “há muitos problemas.