Altas temperaturas e pouca humidade levaram a pouco desenvolvimento dos ouriços e só a chuva ajudará a aumentar o tamanho da castanha
Nem os castanheiros conseguiram sair imunes à seca que se atravessa. Este ano a campanha está “muito atrasada” e é ainda uma “incógnita”, mas os agricultores já começam a prever quebras significativas.
A juntar-se à pouca produção estão ainda as doenças do castanheiro, como a tinta e a vespa das galhas do castanheiro. Embora a vespa esteja mais “controlada” este ano, só no espaço de um ano, Carlos Moreira viu morrer mais de 400 castanheiros afetados pela doença da tinta.
Para evitar o fim da produção, todos os anos planta soutos novos. Anualmente planta cerca de “500 árvores” para aumentar a produção. Ainda assim, admite que não consegue, porque “cada vez morrem mais”. “Eu planto muitos, mas os que planto não chegam para os que morrem”, afirmou. O produtor questionou ainda “morre um castanheiro com 30 ou 40 anos quantos tenho que plantar novos para produzir o que aquele produzia?”
Os custos de produção também não ajudam. “A mão-de-obra é mais cara, o gasóleo está muito mais caro, os adubos estão muito mais caros, a castanha é menos e se, ainda por cima, a castanha baixar o preço vai ser complicado”, afirmou o produtor.
Devido às elevadas temperaturas, o stresse hídrico dos castanheiros foi “enorme”. A chuva que veio no início de setembro não foi suficiente, visto que as temperaturas continuam altas e a humidade é reduzida.
O presidente da Arbórea, Associação Agro-Florestal e Ambiental da Terra Fria Transmontana, admite que “há algumas zonas onde se nota que há ouriços que estão com um desenvolvimento muito reduzido” e “provavelmente não irão vingar”.
Há castanheiros em que a chuva pode já não ser solução. Aqueles onde a folha está já amarelada “podem não recuperar”.
Além de se esperar pouca castanha, o presidente da Arbórea prevê ainda calibres “mais pequenos” e preços mais baixos. “A castanha híbrida tem calibres mais pequenos e está a cerca de dois euros e nesta altura estaria por volta dos três euros”, disse.
Pode ainda esperar-se o aparecimento de “bichado”. “O ano passado tivemos um problema de fungos, porque tivemos humidade. Este ano temos o problema contrário, podemos ter bichados e podemos ter castanha rachada, que também é um problema do mercado, porque se a castanha fendilha, toma ali podridões e o mercado não aceita”, disse.
Será Itália a determinar o preço da castanha, visto que é o “maior produtor” europeu de castanha” e “domina” na transformação do fruto.